
Muitas pessoas passam anos sem um diagnóstico preciso para seus transtornos mentais, e no caso do Transtorno Bipolar (TB), essa demora pode ser ainda mais preocupante. Segundo um estudo liderado pelo psiquiatra Flávio Kapczinski, em colaboração com uma força-tarefa internacional, o TB, quando não tratado adequadamente, pode seguir um curso progressivo, tornando-se mais grave ao longo do tempo.
Isso significa que, a cada novo episódio de mania ou depressão, o paciente pode ficar mais vulnerável a recaídas, desenvolver resistência ao tratamento e sofrer comprometimentos neurobiológicos.
A progressão da doença está associada a inflamação sistêmica, estresse oxidativo e redução de neurotrofinas, fatores que afetam o funcionamento cerebral, podendo levar à piora da cognição e do funcionamento global do indivíduo.
Os pesquisadores propuseram um modelo de estadiamento clínico, que ajuda a entender a evolução da doença e a importância da intervenção precoce. O modelo de estadiamento considera a vulnerabilidade genética, o número de episódios, a remissão completa ou incompleta, o comprometimento funcional, as alterações cognitivas, e a necessidade de suporte contínuo.
Identificar o estágio da doença permite um tratamento mais preciso e personalizado, reduzindo a progressão e seus impactos. A abordagem terapêutica vai além dos medicamentos, inclui mudanças no estilo de vida, psicoterapia, e psicoeducação para pacientes e familiares.
Se você ou alguém próximo apresenta sintomas sugestivos de TB, busque ajuda o quanto antes. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores são as chances de evitar a progressão e manter a qualidade de vida.
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br