
O sonambulismo é um transtorno do sono classificado como uma parassonia, que ocorre predominantemente durante o sono de ondas lentas (estágios 3 e 4 do sono NREM).
É caracterizado pela realização de comportamentos motores complexos — como sentar-se na cama, andar pela casa ou manipular objetos — enquanto o indivíduo permanece em um estado de consciência reduzida e, geralmente, sem memória posterior do episódio.
Apesar dos muitos mitos envolvendo o sonambulismo, a maioria dos episódios é esporádica e não representa riscos significativos. Estima-se que cerca de 1,5% dos adultos sejam afetados por episódios recorrentes, enquanto aproximadamente 7% da população terá ao menos um episódio ao longo da vida. Esses eventos podem incluir situações inusitadas, como trocar de roupa, sair do quarto ou realizar ações que parecem intencionais, mas ocorrem sem plena consciência.
Ao contrário do senso comum, acordar um sonâmbulo não oferece risco de vida. No entanto, o despertar abrupto pode provocar desorientação e confusão, por isso, recomenda-se conduzir a pessoa com calma de volta à cama, sempre priorizando a segurança.
As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas fatores como predisposição genética, privação de sono, uso de certos medicamentos, estresse e condições médicas específicas estão associados ao aumento da ocorrência. Crianças tendem a apresentar mais episódios por passarem mais tempo em sono profundo.
Nos casos recorrentes, é importante adotar medidas de segurança no ambiente doméstico — como trancar portas e janelas ou remover objetos perigosos — e considerar a avaliação com um especialista em sono. Estratégias terapêuticas podem ajudar a identificar gatilhos, reduzir a frequência dos episódios e melhorar a qualidade geral do sono.
Referência
Ohayon et al., 2016. Prevalence and comorbidity of nocturnal wandering in the U.S. adult general population. Neurology, 86(16), 1543–1550.