
Uma das maiores angústias de familiares de pessoas acometidas pela Doença de Alzheimer é perceber que quem amamos não se lembra mais de nós. Conforme a doença avança, é comum que a pessoa deixe de reconhecer filhos, cônjuges e amigos próximos. Isso ocorre devido à deterioração de áreas do cérebro como o hipocampo e o córtex temporal, responsáveis por funções relacionadas à memória.
Apesar da sensação de impotência que muitos familiares vivenciam diante dos desafios do Alzheimer, não é recomendado forçar a pessoa a recordar. Frases como “você sabe quem eu sou?” podem provocar ansiedade e tornar o convívio mais difícil e doloroso.
De acordo com um estudo publicado na revista Alzheimer’s & Dementia: Translational Research & Clinical Interventions, a abordagem mais recomendada é aquela centrada na pessoa — ou seja, acolher os sentimentos expressos, mesmo que a percepção da realidade esteja alterada.
Ainda que o familiar deixe de reconhecer rostos e nomes, os laços emocionais podem persistir por meio de toques afetuosos, entonação da voz e da atenção às suas necessidades. É fundamental que os cuidadores adotem uma postura receptiva, tolerem repetições e compreendam que o comportamento não é intencional.
Por fim, é importante lembrar que, mesmo quando a cognição está comprometida, gestos de amor e afeto ainda podem ser a ponte que nos conecta a quem amamos.
Referência:
Mast, B. T., Yochim, B. P., & Ross, M. E. (2021). Person‐centered assessment of people living with dementia: Review of existing measures. Alzheimer’s & Dementia: Translational Research & Clinical Interventions, 7(1), e12138. https://doi.org/10.1002/trc2.12138