A Doença de Parkinson não afeta apenas os movimentos. Essa é uma doença neurológica progressiva que, além de causar tremores, rigidez muscular e lentidão, pode impactar profundamente a saúde mental de quem convive com o diagnóstico.
Alterações de humor, ansiedade, depressão e apatia são comuns — e não se trata apenas de uma reação emocional à doença. Mudanças neuroquímicas no cérebro, especialmente envolvendo os sistemas de dopamina e serotonina, contribuem diretamente para esses sintomas. Estudos indicam que cerca de 30% dos pacientes com Parkinson apresentam depressão, e a ansiedade pode afetar até 40% deles, muitas vezes antes mesmo dos sinais motores se manifestarem.
Além disso, o Parkinson pode trazer alterações cognitivas, como lentidão no pensamento, dificuldades de atenção e problemas de memória, especialmente nas fases mais avançadas. Esses sintomas agravam o sofrimento emocional e afetam a autonomia e a qualidade de vida.
O tratamento medicamentoso é importante para aliviar os sintomas motores e pode retardar a progressão da doença. Mas o cuidado com a saúde mental é igualmente essencial. O acompanhamento psicológico, o uso criterioso de medicamentos psiquiátricos e o suporte da família e de uma equipe multiprofissional (incluindo fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos) fazem toda a diferença.
Além disso, práticas como atividade física regular, técnicas de relaxamento (como mindfulness), envolvimento em grupos de apoio e manter uma rotina estruturada podem oferecer proteção emocional e melhorar o bem-estar.
Se você ou alguém próximo convive com o Parkinson, saiba que não está sozinho. Com apoio médico, psicológico e social, é possível enfrentar os desafios com mais equilíbrio, dignidade e qualidade de vida.
Referências:
1. Aarsland, D. et al. (2017). Neuropsychiatric symptoms in Parkinson’s disease – beyond dopamine. Nature Reviews Neurology, 13(5), 217–231. https://doi.org/10.1038/nrneurol.2017.27
2. Friedman, J. H. (2019). The Neuropsychiatric Symptoms of Parkinson’s Disease. Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neurosciences, 31(1), 7–12. https://doi.org/10.1176/appi.neuropsych.18080158
