
Em um mundo cada vez mais digital, escrever à mão pode parecer um hábito ultrapassado. No entanto, essa prática oferece diversos benefícios para o funcionamento cerebral — especialmente em áreas ligadas à memória, concentração, coordenação motora e regulação da ansiedade.
Ao escrever com papel e caneta, o cérebro ativa regiões que não são tão estimuladas durante a digitação. Um estudo publicado na Frontiers in Behavioral Neuroscience mostrou que a escrita manual aumenta a atividade do hipocampo e de áreas visuais do cérebro, favorecendo a consolidação da memória de longo prazo¹. Outro experimento clássico revelou que estudantes que tomavam notas à mão retinham melhor o conteúdo e compreendiam mais profundamente os conceitos, em comparação com aqueles que digitavam².
Além disso, pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) observaram que a escrita manual ativa circuitos cerebrais mais amplos, promovendo maior conectividade neural³⁴. Isso se reflete em melhorias na memória, na coordenação motora fina e na atenção sustentada.
Escrever à mão também pode ser uma ferramenta útil para a regulação emocional. Manter um diário manuscrito, por exemplo, pode reduzir sintomas de ansiedade e estresse. O ato físico de escrever ajuda a organizar os pensamentos, o que contribui para acalmar a mente.
Reservar momentos para escrever à mão — seja ao fazer anotações, manter um diário, escrever cartas ou praticar caligrafia — pode fortalecer funções cognitivas e favorecer a saúde mental. Um hábito simples, mas com efeitos profundos sobre o cérebro.
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Referências
1. Umejima, K., Kawaguchi, T., et al. (2021). Paper Notebooks vs Mobile Devices: Brain Activation Differences During Memory Retrieval. Frontiers in Behavioral Neuroscience, 15, 707939. https://doi.org/10.3389/fnbeh.2021.707939
2. Mueller, P. A., & Oppenheimer, D. M. (2014). The Pen Is Mightier Than the Keyboard: Advantages of Longhand Over Laptop Note Taking. Psychological Science, 25(6), 1159–1168. https://doi.org/10.1177/0956797614524581
3. van der Meer, A. L. H., & van der Weel, F. R. (2017). Only three fingers write, but the whole brain works: A high-density EEG study showing advantages of drawing over typing for learning. Frontiers in Psychology, 8, 706. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2017.00706
4. Van der Weel, F. R. R., & Van der Meer, A. L. H. (2024). Handwriting but not typewriting leads to widespread brain connectivity: a high-density EEG study with implications for the classroom. Frontiers in Psychology, 14, 1219945. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2023.1219945