
As apostas acompanham o comportamento humano há milênios. No entanto, com os avanços da tecnologia, os jogos de azar tornaram-se acessíveis a qualquer hora e lugar. Com poucos cliques no celular, é possível apostar em cassinos virtuais, jogos esportivos e plataformas de bets. Mas o que o uso excessivo do smartphone tem a ver com o aumento dos casos de vício em apostas?
Pesquisadores da Universidade de Freiburg, na Alemanha, observaram que pessoas que passam mais tempo no celular tendem a buscar gratificações imediatas — um padrão associado à maior impulsividade. O estudo analisou a relação entre o uso de smartphones e a preferência por recompensas imediatas em 101 participantes. Os resultados sugerem que o tempo de tela pode estar relacionado a uma menor capacidade de adiar recompensas, o que fragiliza o autocontrole.
Além disso, os aplicativos de apostas são desenvolvidos com algoritmos que ativam o sistema de recompensa do cérebro, de forma semelhante ao que ocorre com drogas, jogos eletrônicos e redes sociais. Notificações frequentes, bônus, rodadas grátis e a possibilidade de apostar a qualquer momento reforçam o ciclo de compulsão. Ou seja, quanto mais tempo passamos conectados, maiores são as chances de sermos capturados por estímulos que favorecem comportamentos impulsivos e repetitivos.
Diante desse cenário, é fundamental saber identificar os sinais de alerta. Apostar valores cada vez maiores, sentir necessidade de recuperar perdas, comprometer dinheiro destinado a despesas básicas, esconder o comportamento de familiares ou sentir ansiedade e irritação longe do celular são indicativos claros de que algo não vai bem. Nesses casos, buscar ajuda profissional é essencial. Reconhecer o problema é o primeiro passo para retomar o controle.
Referência:
ENDERT, TS et al. PLoS ONE, v. 15, n. 11, e0241383, 2020. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0241383